terça-feira, 5 de novembro de 2013

Anfípode em São Paulo

Olá César,
estou com uma infestação deste bichinhos que nunca tinha visto antes na área externa da minha casa.
Eles ficam onde há água (pote de água do cachorro, quando chove em zonas muito molhadas…) e morrem rapidamente quando seca. Aparecem em quantidade no início da noite.
Andam, mas vejo que se locomovem mais saltando (uns 20cm cada salto).
Eles medem aproximadamente 8mm de comprimento.
Você tem idéia de que bicho se trate?
Te agradeço antecipadamente pela ajuda.
Leonardo Poli de São Paulo, capital.
Walther Ishikawa: Um Anfípode, do gênero "Hyalella". Tem algumas informações no nosso site, AQUI.
Muito interessante, nunca tinha visto uma infestação desses bichos aqui na capital!
Abraços!

09/11/13 - Walther Ishikawa: Andei pesquisando um pouquinho e descobri algumas coisas interessantes.

Em primeiro lugar, acho que dá pra fechar a identificação no "Talitroides topitotum", baseado nas fotos do Leonardo, e no fato de ser a única espécie de anfípode terrestre registrada no Brasil. Eu jurava que eram "Hyalellas", por ser o único gênero de anfípode não-marinho nativo do Brasil, são muito parecidos, mas são aquáticos e de água doce.

Uma dica já estava aí desde o começo: Os Talitroides são grandes saltadores. Os Hyalellas não saltam.
O "T. topitotum" é uma espécie asiática, que é identificada como invasora em várias partes do mundo, mesmo no Brasil existem relatos em vários estados, inclusive SP. É só dar uma pesquisada com este nome no Google.

Leonardo, não transmitem doenças, pode ficar tranquilo. Por outro lado, pode ser um problema porque são prolíficos, e podem ser bastante numerosos. Seu controle é difícil, geramente ficam enterrados nas camadas mais superficiais do solo, ou entre folhagens, etc.

São animais bem sensíveis quanto à osmorregulação. Precisam de bastante umidade, mas numa faixa bem específica de umidade. Se for seco, morrem desidratados. Se for muito úmido, morrem com edema. E morrem afogados se submersos.

Por esse motivo, em épocas de chuva eles procuram locais mais secos, muitas vezes entram em garagens e casas, morrendo aos montes. Ah, assim como os camarões, ficam vermelhos quando morrem.

César acho que dá pra editar definitivamente o post do Leonardo.
Abraços!!
Walther


Leonardo: Caro Walther,
mais uma vez grato pelo trabalho. A única coisa que me chamou a atenção na sua descrição e que difere do que venho observando desse bichinhos, é o fato de eles ficarem também na água. Por exemplo, os encontro vivos no pote de água do cachorro, felizes a “nadar” ou parados por um tempo, até que voltem a nadar. Não parece que a água represente um problema para eles. No mais, de fato ficam vermelhos quando morrem, não resistem a ambiente seco e, como disse, dão longos saltos (aproximadamente 20cm).

Outro dia esteve aqui um empreiteiro para fazer uma pequena obra e lhe perguntei se já tinha visto destes bichinhos. A resposta simples e direta: "sim, é bichinho de esgoto”, coisa que não me animou muito. De qualquer forma, lendo um pouco sobre o Talitroides topitotum, vi que contribuem na decomposição de restos orgânicos e aumentam a “respiração” do solo, coisa que, visto que procuro tratar meu jardim sem químicos em geral, é boa notícia. Resta tentar convence-los a se manterem distantes da casa…
Abraços,

Leonardo Poli

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