Muito obrigada, César, pela identificação e os links de informação! Pobrezinhas, ser criadas como ração viva! Sim, diz que mais do que proteina são "um mimo para as mascotes"! Bem sei que a natureza é assim, cruel mesmo, uns bichinhos sendo alimento de outros, mas... é inevitável o sentimento de compaixão...misturado com raiva, quando a crueldade é demais, como uma vez em que achei uma lagarta de Manduca, parasitada... Tirei dela os 287 "grãos de arroz" que tinham emergido e os esmaguei, um a um...pareceu-me desequilíbrio demais, além de que a mariposa é um potencial polinizador e a vespa, não...
Também sei que o humano não deveria mexer nem interferir com a natureza, mas dá tristeza ver por exemplo uma das mais lindas borboletas que são permanentes aqui, a Agraulis vanillae, sendo enrolada por uma aranha, ainda que esta também seja magnífica em tamanho, desenho e colorido...
As fotos são antigas, não são para postar, são só para partilhar com você. Essa Argiope morou aqui por 2 meses e atingiu cerca de 3 cm sem contar as pernas, e um dia desapareceu, talvez vítima de alguma corroíra, e aí temos outra vez a cadeia alimentar...
Numa das imagens, não sei qual o bichinho que ela está enrolando, mas a câmera conseguiu fixar o jato de seda.
María Luisa Rodríguez.
É uma questão absurdamente complexa, acho que por mais que tentemos descrever as possibilidades nestas relações, seremos sempre superficiais. Benéficos, nocivos, cruéis, lindos, são conceitos humanos, a natureza simplesmente é o que é. E nós (dependendo muito de pra quem perguntamos), chegamos bem tarde nesta história, as coisas já eram assim bem antes de nós.
Só tentando aprofundar um pouco mais, a mariposa era uma polinizadora em potencial, mas segundo Costamagna & Landis (2004):
As potenciais fontes de alimento para os parasitoides, além do hospedeiro, incluem néctar floral e extrafloral, pólen e secreções de pulgões (Quicke 1997). As plantas com flores são frequentemente visitadas por parasitoides (Bugg et al. 1989, Jervis et al. 1993), e o consumo de néctar floral mostrou aumentar a longevidade dos adultos (Heimpel e Jervis 2004). Parasitoides alimentados com recursos de carboidratos, como mel, sacarose, glicose, frutose e outros açúcares em solução, frequentemente mostram maior longevidade sob condições de laboratório (Jervis e Copland, 1996).
Eu creio que os parasitoides podem sim ser polinizadores. E a mesma mariposa que poliniza enquanto adulta, é desfolhadora quando jovem. Se abranger a outras mariposas, muitas simplesmente não se alimentam quando adultas, não visitando flores, são apenas desfolhadoras, que servem de alimento aos parasitoides polinizadores em potencial.
E o parasitismo é, pensando um pouco maior, útil, além da planta, à espécie parasitada, fazendo o controle populacional. Se esta se multiplicar muito, faltará alimento e morrerão de fome.
Já para o humano, eu acho que "não interferir na natureza" é impossível. Nós somos a e da natureza, somos uma entre milhões de espécies. Acho que é bom que não interfiramos além do necessário; bom inclusive pra nós mesmos.
E a borboleta, difícil separar Agraulis vanillae e Dione juno (Nymphalidae, Heliconiinae, Heliconiini) do modo que está, se alimentam de folhas tóxicas de Passiflora e tendem a ser tóxicas para seus predadores. A aranha, neste momento do registro, não se alimenta da aranha. Quando ela o fizer (no caso, já o fez há tempo), pode ter uma boa surpresa, mas sei que pássaros vomitam, não voltam a consumir nem esta borboleta e nem semelhante. não sei o que acontece no caso da aranha.
Sobre a complexidade do controle populacional na natureza, Solomon (1949). Não é possível usar todos os marcadores para esta postagem.
María: César, se você acha legal postar, não há problema, naturalmente. Só que as imagens são de 2014, e desde essa data as poucas Argiope que apareceram duraram pouco: aqui vivem muitas corruíras, incansáveis na procura de aranhas, é estranho aquela ter vivido tanto tempo. Quanto à questão dos parasitóides, é provável que você esteja certo e eles possam também polinizar. Quanto a ser benéficos à espécie parasitada, não sei... Eu entendo que para uma plantação, uma espécie desfolhadora é uma praga, e nesse caso o parasitóide é benéfico para o plantador. O que eu sinto como injustiça é que aqui em minha casa não há uma plantação, só tenho plantas que estou encantada de partilhar com as lagartas que vêm: elas comem folhas mas a planta volta a brotar; nesse sentido são mais daninhos os percevejos e cigarrinhas que sugam a seiva da planta e ela pode morrer. Então, para mim, algumas lagartas não são problema, e que uma só delas seja usada para produzir quase trezentos parasitóides, acho desmesurado e injusto...
Tão injusto quanto por exemplo o caso do chupim que bota seus ovos nos ninhos dos tico-ticos, que na lavoura tal vez sejam uma praga, mas em minha casa, os dois ou três casalzinhos que moram aqui só trazem alegria, e dói ver como eles, depois de haver criado o intruso, que tem o dobro do seu tamanho, ficam só penas e ossos... Enfim, como você diz, aqui dá uma discussão eterna :) ... Estou enviando as imagens da Manduca, com e sem as parasitas. E sim, você está certo, a borboleta bem poderia ser a Dione juno, a parte inferior das asas das duas espécies é muito parecida. Fico grata pelo seu tempo e sua dedicação!
Pensei ser interessante acrescentar imagens de uma espécie parasitóide (Ichneumonidae) procurando, primeiro, o lugar onde há uma larva, e depois "injetando" nela os seus ovos através do galho. Tenho gravados uns 3 minutos dessa cena.
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