Olá, Cesar. Tudo bem? Poderia, por gentileza, identificar este percevejo? No momento em que o achei, eu fiquei em dúvida quanto à sua periculosidade vendo o rostro dele, curto e reto. Ler aqui o que você diz, "o aparelho bucal de Spartocera é particularmente curto", derrubou a divisão que eu fazia dos percevejos: rostro que ultrapassa, ou chega até o 2º par de pernas, fitófago; rostro curto e curvo, predador; rostro curto e reto, hematófago.
Este indivíduo era muito lindo, e calmo, caminhou devagarinho na parede, num gravetinho, no chão, na planta em que o pus. E, além do rostro, o que chamou minha atenção foram essas cavidades que ele tinha em ambos lados do corpo, e que não vi até agora em nenhuma imagem das poucas vistas ventrais de percevejos que achei aqui e em outros sites.
Muito obrigada desde já. Também por tudo o que aprendo de cada esclarecimento, de cada comentário. A Natureza, a Vida, em sua diversidade é maravilhosa.
María Luísa Rodríguez de Las Toscas, Canelones, Uruguai.
María, realmente me parece ser uma Spartocera sp. (Coreidae: Coreinae: Spartocerini) e quanto ao rostro, realmente é um ponto confuso. Se utilizarmos esta chave bem simplificada, temos que reduviídeos têm o rostro que se encaixa em um sulco entre o primeiro par de pernas, e nos demais o rostro não se encaixa em um sulco nesta região; o critério é condizente com o que vemos, não pelo comprimento do rostro, mas pela ausência de tal sulco. Já esta chave também simplificada para famílias da Flórida, fala que "os demais" têm um rostro longo que chega ao par mediano de pernas; mesmo isolando a fauna da Flórida, parece não ser condizente, pois parece ser justamente de lá o maior número de registros de Spartocera nos EUA. Mas em uma chave muito mais completa, Schuh & Slater (1995) (falo baseado na versão adaptada em Insetos do Brasil Rafael et al. (edit) 2012), nem estes critérios, nem semelhantes, entram na questão. Discutimos o mesmo sobre marias-fedidas recentemente.
Quanto às cavidades nas laterais do tórax, o que temos é o aparato responsável pela produção da química mal-cheirosa em um percevejo adulto. Anotados na imagem ao lado temos a abertura da glândula odorífera chamada de ostíolo e a área evaporatória (também evaporativa ou de evaporação). Esta área apresenta textura diferente do resto do tegumento e aparentemente é mais destacada neste indivíduo não só por causa da coloração negra, mas também por causa da pubescência branca em seu corpo. Encontrei muitas imagens de vista ventral ou lateral de percevejos deste gênero, mas nenhuma mostra esta característica (1, 2, 3, 4, 5, 6...).
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