Olá César, tudo bem? Trabalho com criação e proteção de nossas abelhas nativas sem ferrão. Semana passada uma colônia vinda da cidade vizinha, próxima a cidade de Viçosa - Zona da mata mineira. Nessa colônia de abelhas mandaçaias que necessitava de ajuda, pois estava debilitada, vieram uns 14 besouros pequenos, algo que não é comum os ver nas colônias aqui de minha região... Os notei presentes na lixeira da colmeia, local onde as abelhas colocam seus dejetos para serem levados para fora e manter o ambiente interno higienizado. Gostaria de saber o nome científico desse exemplar... Minhas fotos não estão na melhor das resoluções, mas torço para se possível poder me ajudar a identificar essa espécie a princípio pensei que ele pudesse estar trazendo algum dano aquela colônia de abelhas que me veio tão fragilizada. Abração, obrigado e parabéns pelo belíssimo trabalho. Grato
Marcello Bahtts.
Marcello, talvez ajude colocá-lo sobre um papel branco pra fotografar. A única certeza que tenho é que são besouros (Coleoptera). Nós temos registros de Aethina tumida no Brasil (1, 2), e, embora ele seja conhecido por atacar abelhas-europeias, em Cuba ele já foi encontrado atacando uma espécie de Melipona. Mas não me parece ser o caso. Também não me parece ser um histerídeo.
Em Silva, Carvalho-Zilse & Rafael (2011), consta que há registros de que
os "Coleoptera vivem em uma relação harmoniosa com as abelhas sem ferrão, utilizando os
detritos existentes no interior da colméia para a sua alimentação e reprodução". Pela sua descrição de onde ele foi encontrado, me parece ser o caso deste. E dentro deste raciocínio, o melhor que eu encontrei é Scotocryptus sp. (Staphylinoidea: Leiodidae: Leiodinae: Scotocryptini):
Os besouros associados a abelhas podem ser classificados em duas categorias: a) parasitas e predadores e b) aqueles que utilizam os subprodutos das atividades das abelhas, como mel, pólen, cera, fungos, própolis e lixo. Na última categoria está o gênero Scotocryptus Girard, 1874. Suas quatro espécies são todas neotropicais, como seus hospedeiros favoritos, as abelhas sem ferrão do gênero Melipona Illiger, 1806. (...) Os melitófilos Scotocryptus são bastante diferentes dos outros gêneros de Leiodidae porque são cegos e não voam, sem asas membranosas. Algumas partes de seu corpo (cabeça, antenas e pernas) podem ser dobradas e suas tíbias repousam em ranhuras nos fêmures. A parte mediana de cada mandíbula possui um sulco profundo que permite ao besouro agarrar-se firmemente às pernas das abelhas. Todos esses caracteres facilitam sua retenção no corpo do hospedeiro, permitindo que os besouros sejam deslocados foreticamente, sua única forma de se dispersar de um ninho hospedeiro para outro. Suas larvas também exibem algumas adaptações para inquilinismo (...). Uma colônia de abelhas sem ferrão se beneficia da população de Scotocryptus, pois reduz a quantidade de lixo no ninho. (Bezerra, Peruquetti & Kerr, 2000).
Este fala sobre quatro espécies do gênero, há pelo menos a descrição de mais duas espécies depois deste artigo, Davis & Gonzales (2008). Se não for este, deve ser algo próximo, que se conheça a biologia, creio que temos apenas Scotocryptodes.
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